Parabolia

Entre Aulas

Rabisco durante seminários.

2017

 

Textos escritos em Português do Brasil.

As traduções foram feitas automaticamente para outras culturas ao menos aproximarem-se do universo lírico.

Formigueiro

Lares destruídos

Pés inchados

Sala cheia: academia de sonhadores com sono. Afinal não é dele que produzimos o fio condutor de nós mesmos? Esse cansaço que me atacou parece ser de pulga. Pulga essa que poderia ser livre e por isso não buscar hospedagem em mim, mas ela tocou a campainha… Não pude deixar de atender. Agora nessa sala cheia de sonhadores, o sono do cansaço me põe a escrever para não dormir. A cara fica marcada, nos dois sentidos. Ainda conservo convenções… não deveria! A vontade é esgotar as folhas do caderno com palavras de sono mas aí eu já teria uma antologia poética. Sem problemas. Só que a pulga ainda me coça e, consequentemente, fico sonolento, sonho mais e acabo querendo dormir no meio de tantos sonhadores. Não durma! A convenção pede. Se eu abri a porta para a pulga, deveria não abrir para a convenção? Ela tem um nome tão bonito… Sonhar com sono, sonhar com sono, sonhar consome, sonhar conforme, sonhar com forma, sonhar conforta, sonhar conforta. Sala cheia.

Desilusão com tudo que acompanha a famosa produção de conhecimento burocratizada. Se é hippie eu não sei, mas se for tá tudo bem também. Viajar sem muita ideia de rota e de onde dormir deve ser uma grande faculdade. Não é de todo reclame dizer que a academia não presta, mas pra quê? Cinco dias com os olhos mergulhados em outros olhares de quilômetros de passo a passo passaporte de aventura. Lampejos do figurino que pode me acompanhar na estrada para o descanso da vida. A escola abre algumas e portas muito importantes, mas grande parcela de sua casa tem mofo e infiltração que constantemente me intoxica. Já estou dentro, comemorei ao entrar e é preciso sair com louvor também. A paciência que penso que tenho não suporta jantar aqui por muito tempo, mesmo porque nem janta direito tem. Se não tem janta, a mesa fica vazia e por aí não há muitas trocas de olhares. Inexiste a sedutora produção de conhecimento. Diferente da burocrática. Ainda bem que nos intervalos conheço outros poucos espíritos livres que constantemente realizam esse delicado trabalho de se questionarem sobre o que fazem do seu tempo. Vira uma roda de melancolia. Engraçada. Bem da revoltada. Saudades daquelas sobrancelhas. O olhar ficava mais profundo. Afundou a linha de raciocínio, inclusive desse desabafo. Chega… É hora de já se preparar para sair. Não sei ao certo que ônibus pegar para o lugar que vou e nem se ele existe tenho informações. Os olhares com pingos de gliter podem me ajudar. Não vai dar certo. Que bom.

Ah, aqueles olhares fundos… ao olhar-me contemplava as estrelas, ao mesmo tempo. Outra cidade. Vez ou outra um saquinho de pipoca pairava sobre minhas mãos. Momento em que as amizades subiam mais um degrau. De fato, pipoca é incrível. Um elo para muitas situações. Até términos de relações. Me ponho a pensar se lidam com a gente como se fôssemos milhos. Fervem e tampam a panela para não saltarmos para fora. Depois, nós já sabemos. Engolidos. Num elo de muitas situações. Circo.

Anseia a idade. Da pedra polida se amacia a argila. Tocar o barro exige cuidado. Pede risco. Leva tempo até sua mudança de fase. Sussurra calma. Calma. Calma. Ânsia. Idade. Desnortear todo complexo cerebral. Sofrer de véspera. Típico de ser. Humano. Parado num banco de praça sentado no encosto a olhar lentamente a colher de pau revirando o açúcar e o amendoim expirando um cheiro que instiga o estômago e o consciente a pensar na vida do vendedor ambulante. Tropecei na calçada ao observar-me lamentando o que ainda poderia dar errado. Choro de saudade daquilo que não vivi. Saudade dói quando se ama. Joelho dói quando se está vivo. O sangue escorre parte de você. A cerâmica é parte de você. Do composto de milhares de anos de reorganização da terra se gera a argila. Sussurra calma. A cada segundo que passa a natureza se manifesta a pacificar seus conflitos. Não atendemos aos sussurros. Quebrem os muros das salas! Ansiedade.

Fiz uma aposta com minha íris. Capaz seria ela de encenar os mares? Acordei em uma mistura de humores de maré. Despertar do fundo das águas e flutuar na superfície da turbulência de seus caminhos. Me surpreendeu sua contra-aposta. Assumir o repouso dos siris.

Reconheço a morte

Estranho a vida

Do espirro a sangue frio lá se vai o último expiro

Saúde a morte

Adeus a vida

Perfure-se teu ego com os cacos desse cálice de mágoas

Suicide as tendências do capital

Saúde a vida

Saudade a morte

Quantas vezes te abracei nas ruas em guerra

Temendo ser a vida

Aliviado em ser a morte

Estar vivo pede contato

Exige o toque

Evita atrito

Mas não consegue

Escorregue no aflito palco do insucesso de viver fora da ordem

Buscando água que satisfaça essa sede de existir até ver o último de todos os reis ser destronado

Gritando por vida

Ao conviver todas as noites com a morte